DESTAQUE A ITINERÂNCIA DAS MULHERES PROSTITUTAS EM TEIXEIRA DE FREITAS




Por Daniel Rocha

Nas décadas de 1970 e 1980, o extremo sul da Bahia passou por uma série de mudanças provocadas pela extração predatória da madeira e pela abertura da BR-101, que corta todo o estado.
Nesse período, cidades como Nanuque (MG) e Caravelas (BA) perderam seu protagonismo econômico, enquanto Teixeira de Freitas se beneficiou com o fluxo da BR, tornando-se uma referência para as profissionais do sexo da “região”.

De acordo com nossos registros, essas trabalhadoras, em sua maioria, atuavam em locais como a Rua Ubá, em Nanuque (MG), a "Rua da Poeira", em Alcobaça (BA), e a Rua "Céu Azul ou do Porto", em Caravelas.

Elas migraram para Teixeira de Freitas em busca de um bom movimento na "Rua do Brega", a zona de meretrício local. Mas, e no presente? Existe uma rota? Elas ainda são migrantes? Quem são? Como trabalham e administram seus lucros?

Para entender mais sobre a itinerância das profissionais que atuam na cidade, em julho de 2018, visitamos um ponto comercial no Bairro São Lourenço. No local, “Mara”, de 35 anos, condicionou a conversa ao consumo de cerveja. “Não necessariamente alguém vem aqui só para sexo. Podemos tomar uma cerveja.”

No início, quis saber mais sobre sua origem e o motivo de ter escolhido essa profissão. Inicialmente, "Mara" preferiu não comentar, mas, após alguns minutos, revelou que era de Porto Seguro, onde vive “normalmente, acima de qualquer suspeita.”

Aproveitando a informação sobre sua cidade natal, perguntei sobre o trânsito de profissionais pela região. Ela confirmou que, de fato, existe um movimento em busca de clientes. Na baixa estação, especialmente no inverno e outono, Teixeira de Freitas “atrai mais” profissionais, enquanto, na alta estação, durante o verão, a cidade “atrai menos”.

"Mara" fez questão de frisar que nem todas as trabalhadoras seguem roteiros ou migram para lugares com maior aglomeração em busca de clientes, pois “há meninas que são daqui mesmo.”

Quanto à negociação dos lucros, "Mara" preferiu não entrar em detalhes, mas insinuou que conhecia a atual proprietária de outro local onde trabalhou e que optou por ficar com ela “porque é justa na porcentagem.”

Não há homens na administração ou funcionamento do local; a casa é composta apenas por mulheres de diferentes idades. Essa dinâmica, segundo a conversa informal, sugere que elas são mais autônomas, flexíveis e protegidas de formas de exploração.

No próximo texto, conversaremos com garotas de outra casa que falam sobre a rotina fora do ambiente de trabalho. Atualmente, as mulheres prostitutas de Teixeira de Freitas ainda são migrantes?

Créditos & Referências
DEL PRIORE, M. (2001). Apresentação . Em Mary Del Priore (Org.), História das Mulheres no Brasil, pp. 7-10. São Paulo: Editora Contexto/Editora UNESP.
ROCHA. Daniel. As velhas e novas práticas na Rua do Brega.
Daniel Rocha*
Historiador graduado  e Pós-graduando em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769
e-mail: samuithi@hotmail.com
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