História de Salvador - A Estratégias dos Pescadores de 1921




No dia 20 de janeiro de 1921, o jornal baiano A Manhã reportou um episódio de conflito no setor pesqueiro da Bahia, durante a primeira metade do século 20. O presidente da Confederação dos Pescadores da região enviou um telegrama ao Ministro da Marinha, Capitão de Mar e Guerra Frederico Villar, solicitando ação em relação às práticas abusivas no comércio de peixes na capital, Salvador.

De acordo com a denúncia, havia indivíduos que aguardavam os pescadores no mar para comprar os peixes diretamente deles, antes que chegassem aos mercados. Esses intermediários obtinham lucros abusivos em relação aos preços estabelecidos pelas autoridades pesqueiras.

O jornal relata que, diante das denúncias, o presidente da Confederação recebeu instruções especiais e agiu com determinação contra essa prática, considerada absurda e prejudicial ao fisco e ao comércio de peixe na capital. A repressão a essa atividade ocorreu por meio da detenção de embarcações que transportavam tripulantes não pescadores, os quais compravam peixes diretamente dos trabalhadores do mar e os vendiam a preços elevados para a população em pontos clandestinos e não fiscalizados.

Em terra, os infratores foram multados quando flagrados vendendo pescados nesses locais impróprios, estabelecendo assim a ordem de que todo o peixe deveria ser comercializado nos mercados, diretamente para a população.




No entanto, o jornal não destaca o contexto de crise vivido na década de 1920, e as narrativas dos fatos, baseadas apenas nas representações oficiais, evidenciam que as relações políticas e sociais eram mais complexas e versáteis do que sugerem as fontes disponíveis e as condutas jurídicas exigidas.

É importante ressaltar que o jornal negligencia um fator crucial nesses casos: dificilmente os moradores da capital, assim como em qualquer outro lugar do mundo, comprariam diretamente dos intermediários se estes estivessem vendendo os peixes a preços abusivos. Da mesma forma, os pescadores não venderiam seus produtos para esses intermediários se eles estivessem oferecendo um valor inferior aos lucros obtidos no mercado, considerando também as taxações.

Por fim, de acordo com o relato das autoridades, o fato demonstra que, assim como nos dias atuais, o povo e os trabalhadores buscavam soluções, mesmo que de forma ilegal e discreta, para garantir seu consumo e sobrevivência, recorrendo a mercados e práticas paralelas.


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