Por Daniel Rocha
Em 1997, a cidade de Teixeira de Freitas, extremo sul da Bahia, vivenciou um período cultural efervescente, que ofertou diversas opções aos habitantes. Com uma mistura envolvente de exposições, festivais de teatro e shows estrelados, a cidade se destacou no cenário cultural da região graças aos movimentos artísticos e o fomento público local.
Naquele ano, o mês de julho trouxe uma experiência visual única para os teixeirenses: a exposição fotográfica “Terra”, de Sebastião Salgado. Essa mostra, previamente aclamada na capital Salvador, chegou ao shopping Teixeira Mall, proporcionando aos moradores locais um encontro íntimo com o renomado trabalho do fotógrafo brasileiro, reconhecido mundialmente.
No mesmo espaço, shopping Teixeira Mall, o Cine Teixeira, recém inaugurado, trazia de volta à comunidade teixeirense a emoção das telas grandes após mais de dois anos sem nenhuma sala de cinema local com a exibição de filmes de destaques internacional e nacional, como Navalha na Carne, estrelado por Vera Fischer.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, o Aconteceu, uma casa de shows popular, marcou época com apresentações de bandas locais. Simultaneamente, o Espaço Cultural da Paz se consolidava como um ponto de referência e encontro para professores, estudantes e artistas, onde ideias e cultura floresciam
Na mesma onda, a quadra do clube Jacarandá se transformou no palco de espetáculos memoráveis, com bandas populares da TV e rádio, incluindo Terra Samba, É o Tchan e a Companhia do Pagode. A presença dos principais artistas dessas bandas tornou o momento contagiante e varreu o cenário local, sendo um dos assuntos mais comentados entre os jovens da cidade na época.
No meio dessa rica diversidade cultural, surgiu a 2ª Semana de Cultura da cidade, promovida e incentivada pelo Departamento Municipal de Cultura de Teixeira de Freitas, que durante o governo do prefeito Wagner Mendonça teve uma atuação de destaque e entregou uma programação intensa de proveitosos oito dias que atraiu olhares e conquistou corações e mentes dos moradores. Com aprestações na sede do departamento e na principal praça da cidade o evento mostrou que popularizar o acesso e o contato era possivel.
O segundo dia, no mesmo cenário, continuou com apresentações diversificadas, incluindo a academia de Capoeira “Garra de Ouro” e a vitalidade dos grupos folclóricos “Quilombo” e “Afro Brasil”. Os alunos da Escola Musical Villa Lobos também brilharam em um notável espetáculo musical.
A programação teatral na Casa da Cultura abrangeu uma ampla variedade de temas, desde questões sociais e ambientais até narrativas históricas e humorísticas. Entre as peças memoráveis apresentadas nos dias subsequentes, destacaram-se a “História do Cangaço” e “Meio Ambiente”, bem como a montagem “O Roubo da Pérola Amarela” e “Um Grito Sufocado no Ventre”, interpretadas com maestria pelos talentosos atores do grupo Refletir.
Contudo, o momento ficou especialmente marcado por apresentações como “A Bandeira da Independência”, “Drogas e Violência” e “Até que a Morte nos Separe”. Essas montagens evidenciaram a riqueza cultural e a diversidade de expressões artísticas que definiram esse período vicejante em Teixeira de Freitas. Em síntese, no ano de 1997 os eventos culturais transcenderam o isolamento espacial para buscar o público, reforçando a identidade cultural da cidade e deixando marcas na memória sobre aquele tempo.
Daniel Rocha da Silva*
Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
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Fontes:
Jornal A tarde 1997