TEIXEIRA DE FREITAS 1997- A PIOR ONDA DE CALOR JÁ REGISTRADA

 





Por Daniel Rocha

No ano de 1997, Teixeira de Freitas, localizada no estado da Bahia, foi surpreendida mais uma vez pelo impacto do fenômeno meteorológico El Niño, que afetou significativamente o clima do país e, por conseguinte, o da cidade. Esse evento inesperado desencadeou perturbações no cotidiano dos habitantes locais, evidenciando as vulnerabilidades sociais e ambientais presentes no município.

As temperaturas subiram de forma tão alarmante que atingiram uma média de 40 graus Celsius em dezembro, algo mais comum em desertos do que em uma cidade baiana do extremo sul. Essas variações climáticas extremas impuseram uma série de provações aos habitantes, levando o jornal A Tarde a destacar, em uma  curta reportagem, a situação de emergência causada pelas fortes ondas de calor.

Como se não bastasse o sofrimento, a reação da população diante desse cenário contendor, o calor revelou também as disparidades sociais, com a classe média e os mais abastados buscando refúgio em clubes, como o Jacarandá Country Club, e casas de praia, enquanto a classe trabalhadora comum se via obrigada a recorrer a rios, represas e lagos próximos se expondo ao risco de  afogamento e submersões acidentais. 

Junto a isso, outros encontravam oportunidades de lucro. O Bar e Restaurante Fino’s, por exemplo, em uma tentativa clara de capitalizar o momento, lançou seu “Happy Hour”, uma estratégia inspirada nos bares da zona sul do Rio de Janeiro. Oferecer três chopes pelo preço de dois após o expediente comercial foi algo bem aceito pelos consumidores frequentes no espaço.

Enquanto alguns enfrentavam as repercussões diretas no cotidiano, outros sentiram as mudanças climáticas na saúde. Hospitais e clínicas registraram um aumento nos atendimentos por diarreias e gastroenterites, reflexo direto das condições adversas impostas pelo clima. O consumo de água, vital para minimizar esses problemas, tornou-se um fator associado ao aumento nas ocorrências nos hospitais públicos, especialmente entre os trabalhadores, uma vez que a cidade registrou também problemas  no abastecimento de água.

No  final do ano de 1997 e início de 1998, a persistência do calor trouxe consigo um problema ainda mais grave: a seca acelerada do rio Itanhém, a cidade continuou a pagar o preço das consequências de um fenômeno meteorológico imprevisível que em tempos em tempos, como agora, retorna para nós lembrar que preservar e mudar hábitos de consumo, é preciso.

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.

Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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