No dia 10 de janeiro de 1981, um terrível crime chocou a cidade de Itamaraju, no extremo sul da Bahia. Um conhecido fazendeiro de cacau, foi vítima de um assassinato brutal às margens da rodovia Itamaraju-Prado. O incidente ocorreu quando o fazendeiro e sua esposa retornavam de uma visita a parentes nas proximidades. A polícia levantou uma suspeita depois de ouvir a esposa da vítima.
Na tarde do dia 20, o casal estava a bordo de um jeep quando avistaram dois homens pedindo carona. Apesar dos temores da esposa, que dirigia o carro, o fazendeiro decidiu pedir para que ela parasse o veículo para auxiliar os desconhecidos às margens da estrada de chão. Infelizmente, esse ato de generosidade custou-lhe a vida.
Assim que o fazendeiro desceu do veículo para permitir que os homens entrassem, foi alvejado com cinco tiros de revólver pelos criminosos. Cruéis, os assaltantes não se contentaram apenas em levar a vida do trabalhador; eles também roubaram 30 mil cruzeiros e um relógio valioso da vítima. Após o crime, aterrorizada, a esposa fugiu em busca de ajuda nas proximidades, deixando para trás um rastro de medo e desespero.
A investigação conduzida pelo delegado da época, Romeu Ferreira de Souza, levantou questões intrigantes. Embora a versão inicial dos eventos tenha sido apresentada em depoimento pela esposa, não convenceu totalmente as autoridades. Suspeitas começaram a recair sobre ela, levantando a possibilidade de tudo não ter passado de um crime passional.
É importante lembrar que a década de 1980 ficou marcada por uma onda de violência sem precedentes no extremo sul da Bahia, onde assassinatos e crimes violentos eram lamentavelmente comuns.
A região, muitas vezes comparada a um verdadeiro cenário de faroeste, estava mergulhada em um clima de insegurança, exacerbado pelo contexto político da Ditadura Militar, que formatava a região através do discurso desenvolvimentista em que tudo era permitido em nome de um progresso padronizado.
Infelizmente, não foram encontrados outros registros sobre o desfecho das investigações ou do processo relacionado a este trágico sinistro criminoso que visto de hoje, ecoa como um sombrio lembrete da violência desenfreada que assolava não apenas Itamaraju, mas todo o extremo sul da Bahia, em um momento onde a pistolagem e a luta pela terra se acirraram no campo e nas áreas urbanas.
Daniel Rocha da Silva*
Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com
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