Os evangélicos Teixeirenses : O coral Batista



Por Daniel Rocha

Na década de 1960, migrantes de várias partes do estado e do país fundaram as primeiras igrejas evangélicas no povoado de Teixeira de Freitas, incluindo a Primeira Igreja Batista e a Assembleia de Deus.

Na década seguinte, a de 1970, o número de fiéis cresceu significativamente, novas denominações surgiram e outros grupos associados às igrejas pioneiras continuaram o trabalho iniciado pelos primeiros protestantes que chegaram ao povoado na década de 1960.

Se no primeiro decênio (1960 a 1970) o desafio dos pioneiros foi não apenas evangelizar, mas também estabelecer e consolidar uma igreja independente, nas décadas seguintes foi necessário se diferenciar do pluralismo cultural do povoado, consolidando tradições e valores através de novas estratégias para atrair mais seguidores.

Neste contexto, decidi focar no trabalho desenvolvido pelo coral da Primeira Igreja Batista na década de 1980. A ideia surgiu a partir da leitura do livro Introdução à História dos Batistas, do jornalista e radialista Jader Alves Pereira, que menciona que na década de 1970 “imperou a tradição coral”.

Em novembro de 2015, conversei com o advogado Silvany Silveira sobre o trabalho que ele desenvolveu à frente do coral da Primeira Igreja Batista na década de 1980 e sua importância na Cantata de Natal, um dos grandes eventos da igreja.

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Silvany, que chegou ao povoado em janeiro de 1980 vindo de São Paulo, é mineiro de Almenara e foi criado em Vitória da Conquista, na Bahia, onde residiu até 1975. Ele recorda que, ao chegar a Teixeira de Freitas, encontrou um povoado pequeno com aspirações de crescimento, estimado na época em mais de 25 mil habitantes, dividido entre as cidades de Alcobaça e Caravelas.

Naquela época, a Primeira Igreja Batista era um templo simples com uma média de 150 frequentadores sob a liderança do Pr. Pedro Santana Neto. Apesar de modesta, a igreja já contava com um coral de 11 pessoas. Embora antigo, o coral era muito respeitado e solicitado em cultos realizados em lugares fechados e abertos. No entanto, ainda enfrentava desafios por ser considerado amador.

Diante dessa situação, Silvany decidiu se envolver ativamente nos trabalhos da igreja e, junto com outros interessados e conhecedores da área, profissionalizar o coral e contribuir para a “evolução do gosto musical da igreja”. Ele usou seus conhecimentos de música adquiridos em Vitória da Conquista para formar um novo coral, inspirado pelos grandes grupos do Sudeste do país.

Sob sua regência, o coral cresceu para 40 integrantes, incluindo jovens, adultos, donas de casa, estudantes e aposentados. Embora o primeiro ano tenha sido desafiador devido ao tempo limitado para se preparar para a Cantata Natalina, um evento de grande destaque, Silvany e sua equipe conseguiram superar as dificuldades. A ajuda de pessoas do ministério da música, como Elizama Matos e Aldemir Moreira, foi crucial para o sucesso da preparação e apresentação.

A Cantata Natalina, realizada anualmente na igreja, era um evento de grande importância no povoado, atraindo a atenção de fiéis da região e com o objetivo de divulgar a mensagem cristã e conquistar novos seguidores. A apresentação, marcada pela beleza e qualidade musical, ajudava a transmitir a mensagem de amor e paz do Natal.

Segundo o livro PIBATEF 50 Anos – Uma História de Fé (2017), do historiador Paulo Cesar Pereira de Jesus, na década de 1980 os trabalhos de evangelização foram fortalecidos pela estruturação do Departamento de Evangelismo, que desempenhou um papel importante na promoção dos trabalhos evangelísticos da Primeira Igreja Batista.

Isso demonstra que, após estabelecer e consolidar uma igreja independente nas décadas de 1960 e 1970, os Batistas buscaram firmar suas tradições e valores e atrair mais seguidores nas décadas seguintes, o que inclui a renovação do coral.

Conforme Silvany Silveira, os membros do coral da Primeira Igreja Batista levaram a semente da boa música a todas as igrejas que surgiram a partir dela, enriquecendo a pluralidade cultural da cidade. “Igrejas como Batista Jardim Novo, Memorial e Monte Castelo formaram grandes corais. A Primeira Igreja Batista foi uma grande disseminadora da cultura musical na ci

Referências:

Fontes: MACHADO DA SILVA. Valdênia. A presença dos batistas no cotidiano urbano da cidade de Teixeira de Freitas no extremo sul da Bahia. Uneb campus -X. Teixeira de Freitas, 2010.

ALVES PEREIRA.Jader.Introdução. à história dos Batistas no Extremo Sul Baiano. Teixeira de Freitas BA. 2003.

De Jesus. Paulo Cesar Pereira. PIBATEF 50 ANOS - Uma história de fé. Teixeira de Freitas BA. 2017.

 

Daniel Rocha*

Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.  Contato WhatsApp: (73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com 

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