A abertura da BR-101 no extremo sul da Bahia – Parte 02







Por Daniel Rocha

Algo de estranho aconteceu em 1967 durante a abertura da BR - 101 em Eunápolis, jorrou gasolina em uma cacimba de uma fazenda localizada nas mediações do então povoado. O suposto fenômeno chamou a atenção dos moradores da região e foi noticiado por um jornal da época.

O "fenômeno" foi descoberto quando o proprietário Ivan de Almeida percebeu que a água retirada da cacimba localizada na fazenda Jequitaia, estava oleosa e cheirando a gasolina. Ao visitar o minador o dono da propriedade ficou espantado com a quantidade do combustível que minava a uma média de 450 a 500 litros por dia.






A notícia do estranho acontecimento circulou por todo o extremo sul da Bahia levando os moradores de Eunápolis, cidade que se originou de um acampamento formado por trabalhadores e trabalhadoras contratados pelas empresas responsáveis pela abertura da então BR-05, BR-101, e outras estradas vicinais, suspeitar que aquela gasolina fosse proveniente do tanque de um dos dois postos de gasolina que existiam naquela localidade. 

Contudo, após vistoria realizada pelos proprietários dos postos ficou constatado que não havia nenhum tipo de vazamento nos reservatórios, conclusão que fez aumentar ainda mais o mistério e a desconfiança dos moradores da localidade. Depois disso, chegaram a suspeitar que “alguns engraçadinhos” estavam a colocar a gasolina durante a noite dentro da cacimba. Suspeita que não se confirmou, um vigia alocado no lugar não registrou nenhuma movimentação suspeita durante a noite. 

Segundo noticiou o jornal Folha de Minas, novembro de 1967, diante das investigações o povo de Eunápolis chegou a conclusão de que se tratava realmente de um fenômeno que só a Petrobrás poderia explicar, o que não foi feito porque ao tomar conhecimento a estatal não deu importância. "Achando que tudo não passava de uma brincadeira, afirmando que é humanamente impossível gasolina jorrar quase pura do solo." 

Joanina da Silveira, antiga moradora de Eunápolis, atualmente residente em Teixeira de Freitas,59 anos, lembra-se de ouvir dizer  quando criança que na época foi descoberto que o combustível era oriundo de um tanque submerso colocado por uma das empresas responsável pela abertura da BR-101, possibilidade que também foi considerada por alguns jornais da época. 

No período o trecho da BR-101, antiga BR - 05 , os trabalhos de terraplanagem já estavam concluídos e seguia em andamento a abertura do trecho Eunápolis - Itamaraju, de aproximadamente 108 km, cujo os serviços foram delegados ao Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia - DERBA, ou seja, ainda era intensa as atividades na área do povoado. 

Com a inauguração em 22 de abril de 1973, do trecho que liga Vitória no Espírito Santo a Salvador na Bahia, da rodovia, a extração de madeira ganhou uma escala avassaladora impulsionando o inchamento de povoados como o de Teixeira de Freitas.” A abundância, aliada aos incentivos fiscais, atraiu para a região grande madeireiros da região da fronteira de Minas Gerais e, principalmente, do Espírito Santo, cujo controle por parte da Bahia ainda era precário.

A notícia sobre a contaminação da cacimba e sobre a exploração da madeira informa  que houve impacto ambiental gerado pela abertura da estrada, em uma época que já havia um código ambiental, de 1934, em vigor.

Fontes:

Diário de Minas, Gasolina agora jorra debaixo da Terra. 16/10/1967.

Eunápolis IBGE

SANT´ANNA, A.G. O papel do Cluster madeireiro no desenvolvimento
do Extremo Sul da Bahia.

Foto: Acervo da família Lacerda. Extraído do texto:
Eunápolis 67 anos de fundação uma cidade com o coração na estrada.
Rose Marie Galvão.
Disponível no Blog da Rose:


Veja também








Nenhum comentário:

Pesquisar este blog

Click e Veja