Na Exposição de 1979 aplausos destacou o discurso mais crítico







Por Daniel Rocha

No dia 21 de outubro de 1979, foi encerrada a 4º edição da Exposição Agropecuária  de Teixeira de Freitas que reuniu agropecuaristas, moradores, políticos e empresários de toda região fronteiriça do extremo sul da Bahia com Minas Gerais e Espírito Santo, no evento o povo destacou o discurso mais crítico através da intensidade dos aplausos. 

No mesmo período no Brasil, o militar João Figueiredo, a fim de evitar desgaste ainda maior nas bases de sustentação política do regime ditatorial, iniciava o processo de extinção do bipartidarismo com a ARENA e MDB, conhecidos popularmente como “o partido do sim” (o MDB) e o “partido do sim, senhor” (a ARENA). 

Diante do contexto, a população, nem sempre livres para manifestar opiniões contrárias, começavam a aproveitar os espaços para evidenciar suas insatisfações com o regime. É o que se conclui ao analisar informações contidas em um jornal propagandista da época “O Ponto de Vista” que ao falar do público deixa escapar que houve manifestação através da intensidade dos aplausos direcionado ao discurso mais ousado. 

A reação ocorreu durante os discursos de encerramento do evento, quando entorno de sete políticos, entre deputados, senadores e representantes do Regime Militar, revezando-se no microfone, defenderam suas bandeiras e promessas a fim de agradar de alguma forma o grande público à frente do palco principal à espera de algo mais sincero. 

Assim falou aos presentes, Walter Ernesto, da Coopmista, que agradeceu os expositores, empresários, autoridades e o povo sempre presente. Dr. Manoel Otaviano Andrade, representante do Ministro da Agricultura, que assegurou levar ao conhecimento do ministro o desenvolvimento das lavouras e o Deputado  Ângelo Magalhães que reafirmou o compromisso de emancipar Teixeira de Freitas. 

Segundo a reportagem não houve nenhuma manifestação receptiva a fala dos tribunos citados, algo que apenas se mostrou quando o Senador paraibano Agenor Maria (MDB)  pegou o microfone e discursou “como não se ouvia há muito tempo” e que o povo prestou toda atenção, ao ponto de pedir em alguns momentos a parte. 

No discurso o Senador saiu em defesa da elite agrícola e do “homem do campo,” pequeno produtor, e contra às políticas adotadas pelo governo militar, fazendo dessa forma discurso mais crítico da noite. Importa dizer que no período posseiros humildes do extremo sul baiano eram expulsos de suas terras por grileiros e fazendeiros armados. 


O Sanador também cobrou do representante do Ministério da Agricultura medidas, estímulos e o fim da tributação do campo e arrancou delirantes aplausos quando destacou, de modo sincero, alguns desacertos da política do Regime Militar em relação ao homem do campo, “o principal responsável pelo desenvolvimento nacional.”  

Após Agenor o Senador Lomanto Júnior (ARENA) expressou amor pela região e anunciou um investimento. Já o prefeito Gelson de Oliveira Costa (ARENA), agradeceu a todos que contribuíram para o sucesso da Exposição. Não houve durante a fala do prefeito registro de manifestações do público que, através da intensidade dos aplausos, fez realçar penas o discurso mais crítico daquela noite. 

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