O NOVO E O VELHO: A DUALIDADE TEIXEIRENSE




Por Daniel Rocha
Você já disse frases como: vou a  Rodoviária Velha, Rodoviária Nova, ao Shopping Velho, ao  Shopping novo, ao invés de se referir a esses endereços pelos nomes corretos? Você já parou para pensar o porquê nós, os teixeirenses, usamos o termo “novo” e “velho” para denominar esses  e outros espaços? 
Esse jeito de se referir aos antigos espaços reclassificados com novos noves deixa transparecer a influência exercida pela Ideologia desenvolvimentista que nasceu no país nas décadas de 1930 e 1950, e foi incorporada à perspectiva patriótica das décadas de 1960 e 1970 e chegou a região invocada pela abertura de estradas, como a BR-101, exploração da madeira e o próprio surgimento do povoado teixeirense.
O discurso alimentou a crença de que somente os maciços Investimentos em urbanização e a industrialização levariam o país ao patamar de desenvolvimento desejado. Percepção que no passado chegou ao fim com a crise econômica do início da década de 1980, que mudou a perspectiva dos brasileiros em relação ao futuro e levou a sociedade a requerer direitos de acesso à saúde, educação e assistência social.
Entretanto, em Teixeira de Freitas, durante o processo de eleição para escolha do primeiro prefeito da cidade emancipada, em 1985, o discurso foi repaginado e mesclado à esperança de que com autonomia a cidade iria definitivamente se desenvolver com a chegada de empresas e asfaltamento de ruas.
Embora tenha favorecido, com o tempo  também ficou claro que esse chamado desenvolvimento tendia em partes a justificar discursos políticos e investimentos que pouco ajudaram resolver as necessidades básicas da população sujeita ao discurso divulgado em sites e jornais propagandistas  das aplicações do poder administrativo.
Contudo, ao reclassificar com novas nomenclaturas os populares reagem criando propriedades dialógicas mostrando que é necessário diante de qualquer avanço estabelecer relação entre o presente e o  passado, nem sempre valorizado pelos desenvolvimentistas.
Assim, em tese, ao classificar com os termos “novo” e “velho” os populares fazem lembrar que  os lugares abandonados de sua função originais como a Rodoviária Velha, são lugares de memória e de interações sociais vividas pela comunidade, para que nossas lembranças e  identidade não seja apagada pelo eterno desejo de progresso contínuo.
Veja mais fotos  no site no link :  tirabanha.com.br
Daniel Rocha da Silva*
Historiador graduado  e Pós-graduando em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.


Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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