01- Salvador 2000 - Gays foram agredidos no Dois de Julho








Por Daniel Rocha

A aparição do Grupo Gay da Bahia (GGB) durante o desfile de independência do estado, Dois de Julho,  no ano 2000, causou reações negativas, incluindo ódio, quando membros do GGB desfilaram com faixas coloridas proclamando sua presença. Devido ao preconceito existente em relação a identidade de gênero e orientação sexual, os ativistas sofreram agressões e insultos.

De acordo com o jornal "A Região", o desfile de independência em 2000 ocorria sem incidentes até a chegada dos membros do GGB com a faixa, que trazia os dizeres: "Grupo Gay da Bahia, Estamos aqui!” no local onde políticos discursavam.  A presença do grupo causou reações negativas entre as autoridades locais presentes, cujos nomes foram ocultados pelo jornal.

Segundo o relato, três homens que se identificaram como "seguranças do desfile" tentaram impedir o GGB de exibir suas faixas, alegando que sua presença era ofensiva à festa do Dois de Julho com agressões.

Após a primeira hostilidades, um grupo de 10 homens uniformizados atacou novamente os membros do GGB durante o desfile de independência que seguia apesar do tumulto causado pelos seguranças. A reação ao grupo incluíram socos e chutes, causando lesões.

O presidente da entidade, Luiz Mott, professor titular da UFBA, também sofreu agressões físicas. Mott era conhecido por divulgar relatórios anuais sobre a violência sofrida pela comunidade LGBTQ+ no Brasil e a  sua instituição ja vinha sendo alvo de vários tipos de ataques.

No relatório "CAUSA MORTIS: HOMOFOBIA, Violação dos Direitos Humanos e Assassinato de Homossexuais no Brasil, 2000", o GGB incluiu um e-mail ofensivo de skinheads que desejavam a extinção dos homossexuais. O e-mail dizi: "Torço para que a turma dos skinheads não demore a exterminar de vez as bichas-malucas que infestam esse mundo."

Em outubro de 2000, Luiz Mott, ex-presidente do GGB, escreveu um artigo na Folha de São Paulo denunciando as agressões por neonazistas a lideranças homossexuais. Ele afirmou que as agressões exigiam uma reflexão sobre a "homofobia", ou ódio doentio à homossexualidade, como a ciência chama o preconceito. 

"As recentes agressões de grupos neonazistas contra lideranças homossexuais obrigam-nos a refletir sobre o preconceito homossexual (...) Homofobia é como a ciência chama o ódio doentio à homossexualidade".

Marcelo Cerqueira, ex-coordenador executivo do GGB, declarou à mídia na época que os ataques sofridos pelos membros da ONG durante o desfile de Dois de julho eram uma demonstração da "força e perigo do preconceito anti-homossexual na Bahia", que ainda é muito presente na sociedade.

No presente, o GGB é uma organização renomada, reconhecida internacionalmente pela luta pelos direitos LGBTQIA+. No entanto, de acordo com o jornal Correio da Bahia, o estado baiano ainda registra no presente altos índices de mortes violentas de pessoas LGBTQIA+.

Em 2022, vinte e sete mortes foram notificadas no estado, representando 10,5% dos casos no país. Em média, a Bahia registra mais de duas mortes por mês devido à lgbtfobia. Sim, os números são alarmantes e indicam a necessidade de continuar a luta pelos direitos LGBTQIA +. Que o Grupo Gay da Bahia, continue aqui!

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X. Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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Imagem Google. Meramente Ilustrativa


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