Teixeira de Freitas 1986: Câmara Municipal sem sede própria





Por Daniel Rocha


Há quase quatro décadas, a cidade de Teixeira de Freitas, BA, enfrentou um momento político tumultuado ao conquistar sua independência municipal em 1985. Com o novo status, surgiu o desafio de estabelecer a estrutura governamental, mas a ausência de infraestrutura se revelou um verdadeiro pesadelo para os primeiros vereadores eleitos. A incômoda falta de uma sede própria limitou a participação popular, gerando desconforto e insatisfação. 


Naquela época, a recém-emancipada cidade sequer possuía um prédio próprio para abrigar o legislativo. Na  ausência de um edifício-sede para serem empossados na realização das primeiras sessões, os vereadores foram obrigados a se valer de espaços improvisados, o que não favorecia uma participação da população nas reuniões semanais.


Foi assim que, em 1º de janeiro de 1986, a Câmara Municipal de Teixeira de Freitas - BA, teve sua instalação em uma Sessão Solene nada convencional, ocorrendo no então espaço privado e , para alguns, elitizado, do Jacarandá Country Club, no Bairro Recanto do Lago, conhecido endereço da aristocracia e classe média local.


Na curiosa cerimônia ,seguida de uma eleição interna, a Mesa da Câmara ficou constituída com Nelson do Prado Fernandes ,como Presidente, e Ervino Storch ,como Vice-Presidente.  Depois de conhecido o presidente da Câmara, foi dado posse ao prefeito e vice-prefeito de Teixeira de Freitas, Temóteo Alves de Brito e Getúlio Izaias da Silva, respectivamente, sob os aplausos de pessoas especialmente convidadas, empresários, lideranças políticas e homens do agronegócio,  que lotaram as dependências do Clube. 


De acordo registros da ata, a cerimônia de posse ocorreu sem a presença do povo no local, apenas trabalhadores partidários do prefeito eleito, que  ficaram do lado de fora,  festejaram o acontecimento  com fogos de artifício em um dia  de muito calor. Tal situação exemplifica não só divisão de classe existente, mas também a dificuldade de acesso inicial do povo aos mecanismos políticos e de tomada de decisões existentes no período pós-ditadura militar.


No decorrer dos primeiros anos como cidade emancipada, para além do jacarandá, outros espaços foram utilizados para reuniões, como o auditório do Rotary Clube e da CEPLAC, dentre outros, onde o acesso ao povo foi aberto com restrições devido à  falta de capacidade. No cenário geral os vereadores e a câmara construiu aproximações, mas o detalhe do local sempre se mostrou uma dificuldade para uma maneira mais plena. 


Nas décadas de 1990,  seguindo uma lógica das tendências e contratendências, mesmo sendo realizada estratégias como sessões itinerantes, o interesse e participação pública não se desenvolvia de forma satisfatória devido a falta de uma rotina que fizesse da obrigação cidadã um costume público da população comum trabalhadora.





Somente em junho de 1997, o então presidente da Câmara de Vereadores, Lorival A. Cardoso, o “ Louro Cardoso”, tentou dar um passo em direção à solução dessa  questão adquirindo, enquanto representante, um terreno nas proximidades do Shopping de Teixeira de Freitas para a construção da tão sonhada sede própria onde o povo pudesse comparecer livremente em dias e horários fixos e conhecidos.  


À época, sobre a construção da casa legislativa, o então presidente expressou ao Jornal, A Tarde:  “Quero concluir a obra ainda no meu mandato, porque entendo que não é possível o Poder Legislativo continuar ocupando salas cedidas por não dispor de sede própria. Essa situação, que considera inusitada, repercute mal para Teixeira De Freitas, oitava maior cidade do interior do estado”.


Dessa maneira, no dia 28 de julho de 2000, sob o segundo governo do prefeito Wagner Mendonça, cuja vice-prefeita era uma mulher, Maria Nina Ribeiro de Brito, a “Dona Nina”, finalmente se concretizou o anseio da população: a inauguração da tão esperada sede própria da Câmara Municipal de Teixeira de Freitas-BA. 


Nesse contexto, Gildásio Mendes de Andrade, o recém-eleito presidente da casa legislativa, teve a distinta responsabilidade de inaugurar oficialmente as atividades do legislativo teixeirense em suas instalações definitivas. Esse marco histórico encerrou a era de dependência de locações e improvisações, abrindo caminho para o pleno envolvimento da comunidade nas esferas de poder público municipal. 



Fontes:


GUERRA, Jaison C. Pereira; SILVA. Leonardo Santos. O processo de emancipação política de Teixeira de Freitas (1972-1985). UNEB 2010.


Flashes Municipais. Teixeira de Freitas. A Tarde. Junho de 1997. Acervo site tirabanha.


Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.

Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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Quando foi inaugurada a Câmara de Teixeira de Freitas?  28 de julho de 2000. Onde foi realizada a primeira sessão da câmara municipal de Teixeira de Freitas? 1º de janeiro de 1986. Quem foi o primeiro presidente da Câmara Municipal de Teixeira de Freitas? Nelson do Prado Fernandes.

Tags: História da câmara municipal de Teixeira de Freitas


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