Por Daniel Rocha
No ano de 1985, em meio às festividades natalinas, o distrito de Mucuri, Itabatã, vivenciou um marco histórico em sua trajetória. No dia 22 de dezembro, em meio à combinação única de simplicidade e grandeza, a população foi agraciada com a inauguração do seu Terminal Rodoviário. Para o distrito, a rodoviária representava mais do que um mero espaço de trânsito; era um símbolo da busca por uma melhor mobilidade e respeito na região.
Dez anos após a abertura oficial da rodovia BR-101, que corta o distrito, a mobilidade rodoviária já havia se consolidado como a principal forma de deslocamento para os moradores e trabalhadores na região. Contudo, essa jornada não foi isenta de desafios.
A busca por melhor organização, em meio às dificuldades que assolavam os municípios do extremo sul da Bahia e suas deficientes infraestrutura pública, apesar da destacada atividade agrícola e o incipiente crescimento da atividade do eucalipto, era uma tarefa árdua e a inauguração do terminal trouxe esperança de dias mais promissores.
No contexto da construção e inauguração do terminal, em outubro do mesmo ano, o DTT obteve a aprovação do Governo do Estado e da Secretaria de Transporte e Comunicações, para melhor fiscalizar e organizar a mudança de rumo na mobilidade regional.
Jornais da época, revelam queixas diversas relacionadas à selvageria enfrentada pelas por trabalhadores e passageiros diante da exploração selvagem das empresas de transporte que operavam com grandes lotações de passageiros que ultrapassava o limite permitido, era comum ônibus lotados com passageiros sentados e em pé.
Segundo o informativo Extremo Sul Agora!, de dezembro de 1985, a grandiosidade da inauguração não passou despercebida, e importantes figuras políticas e empresariais, além de vereadores, o presidente da Câmara Municipal e autoridades civis e militares marcaram presença no evento. A protagonista da festa foi a prefeita Marieta de Azevedo Gazzineli, cuja popularidade no município e, principalmente, em Itabatã, elevava-se a patamares excepcionais.
Também no evento,o gerente da Viação Águia Branca, Arnaldo Pires Souza, expressou seus elogios à população, destacando que nem todas as cidades, sejam elas de porte pequeno ou médio, possuíam um terminal tão eficiente, capaz de acolher o considerável fluxo diário de passageiros.
“A população de Itabatan estar de parabens , pois nem toda cidade de porte pequeno e, por que não dizer até cidades de porte médio, como é o caso de Teixeira de Freitas, tem um terminal rodoviário que satisfazia o grande movimento de passageiros que por ali transitam diariamente.”
Em seu discurso, a prefeita destacou que administrar o município não era difícil, mas organizá-lo sim. Quando assumiu a prefeitura, encontrou uma situação de grande desordem, com funcionários não registrados, sem garantias trabalhistas e dívidas não pagas. No entanto, “com a compreensão e a ajuda da população do município de Mucuri, consegui regularizar a situação dos funcionários e pagar as dívidas acumuladas, graças ao apoio dos cidadãos e colaboradores”.
A inauguração do Terminal Rodoviário foi apenas uma gota no oceano das necessidades da população explorada e oprimida do extremo sul da Bahia, que enfrentam condições precárias de trabalho e falta de direitos básicos, como registro e garantias trabalhistas, e melhores serviços de transporte na região, em um período onde a democracia, pós-ditadura, procurava assegurar melhores condições de trabalho e vida para a população.
Atualmente, os moradores de Itabatã estão aguardando com grande expectativa a inauguração do modernizado terminal rodoviário, enquanto em Teixeira de Freitas a população clama pela tão prometida nova rodoviária, que finalmente encerra uma rotina de inconvenientes decorrentes da falta de um terminal desde a desocupação do antigo ponto na Avenida São Paulo, para dar lugar ao Hospital Costa das Baleias.
Daniel Rocha da Silva*
Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com
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