Teixeira de Freitas 1990 - Ônibus e Caminhões em Colisão fatais




Por Daniel Rocha

No início dos anos de 1990, os baianos do extremo sul ficaram impactados com a notícias da ocorrência de dois acidentes fatais em uma parte de sua  principal via, a BR-101. Relatos dos jornais e de antigos moradores trazem informações sobre a deficiente rede de assistência e socorros existente na cidade, incapaz de prestar um salvamento e acolhimento dignamente humano.

No sábado, 12 de fevereiro de 1990, um grave acidente deixou chocada a cidade de Teixeira de Freitas e região, duas pessoas morreram, depois de um choque frontal entre um ônibus leito que fazia a linha Salvador/Teixeira de Freitas e uma carreta. O motorista escapou ileso e o acidente foi facilmente atribuído às péssimas condições da estrada  que fez  ainda mais vítimas no dia seguinte, 13 de fevereiro.

Quando uma segunda terrível tragédia deixou um trágico saldo de oito vítimas fatais e 14 feridos.O cenário se desenrolou quando um ônibus pertencente à Viação Expresso São Jorge colidiu com violência na parte traseira de um caminhão carregado de tábuas, resultando em uma sequência de eventos que culminaram na perda de controle do ônibus, que despencou de uma ribanceira no quilômetro 836 da rodovia federal.

Segundo o jornal A tarde, conforme foi relatado pelo sobrevivente, o cobrador Lima Santos, o ônibus originário de Itabuna e destinado a Teixeira de Freitas, carregava 23 passageiros no momento do acidente e que o motorista, Francisco Carlos da Silva, fez um esforço hercúleo para evitar a colisão iminente que veio a acontecer.

No exato instante da colisão, o ônibus retrocedeu abruptamente, com o motorista ficando preso com seus pés sob os pedais. Nas palavras de Lima dos Santos: "Ele, o motorista, conseguiu, então, acionar o freio com o pé e tentei ajudar com minhas mãos, mas o ônibus não cedeu e começou um terrível deslizamento na ribanceira abaixo, virando-se várias vezes".  

Conforme o jornal, das oito vítimas fatais, apenas cinco puderam ser identificadas naquele momento trágico. Um homem de cerca de 35 anos e um jovem entre 22 e 25 anos estavam entre os falecidos. E que feridos, por sua vez, foram resgatados por ônibus das empresas São Geraldo e Itapemirim. Dentre os feridos, dez foram hospitalizados em Teixeira de Freitas e Itamaraju,  e foram considerados sortudos por terem escapado de um sinistro tão grave.

No sentido da análise, o jornal omite que naquele período, a região enfrentava uma alarmante carência de recursos vitais de emergência, tais como o corpo de bombeiros e de um serviço de socorro como o do SAMU,  além de sofrer com a dolorosa falta de ambulâncias adequadas para o resgate.  

Ademais, a inexistência de um Instituto Médico Legal (IML) agravou a situação, sendo o mais próximo localizado em Itamaraju, incapaz de atender satisfatoriamente à demanda da cidade-sede. Relatos dão conta que na época frequentemente  havia sepultamento de corpos sem que as causas fossem elucidadas, o que supostamente provocou repercussões negativas na sociedade e no bem-estar dos habitantes. 

Em meio a essa conjuntura, a população muitas vezes dependia da funerária local, de propriedade do famoso "Julinho", para efetuar os resgates. De acordo com relatos de antigos moradores, o mesmo chegou até mesmo a improvisar um necrotério no subsolo do estabelecimento que ficava localizado na Av. Castelo Branco.

Assim, o relato desse acidente salienta não somente a gravidade do segundo ocorrido, mas também expõe a fragilidade do sistema de resgate e assistência à saúde da época, ressaltando a importância de melhorias substanciais em relação à infraestrutura e recursos de emergência e que este serviços hoje existentes sejam preservados, valorizados e financiados devidamente como um direito fundamental dos cidadãos em nome da dignidade e decência humana.

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.

Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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Foto: Imagem meramente ilustrativa

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