Por Daniel Rocha
Quem diria que o extremo sul da Bahia seria cenário de tremores de terra? Pois foi exatamente isso que aconteceu em dezembro de 1888, e o caso chamou atenção até no Rio de Janeiro, onde foi publicado um telégrafo em um jornal da época. O relato veio do Sr. Rocha Paranhos, que estava cuidando da Estrada de Ferro Bahia e Minas e enviou um telégrafo contando o ocorrido.
Segundo ele, os tremores aconteceram no dia 8 de dezembro, cedinho, por volta das 7h10 da manhã. O sacolejo foi sentido mais forte em lugares na divisa como em Aimorés, Serra dos Aimorés, Peruípe e Juerana. Lá em Juerana, o negócio foi tão sério que garrafas de um armazém começaram a se chocar, causando um baita susto nos moradores.
Outro ponto, segundo o mesmo relato, onde o chão tremeu bonito foi na Colônia Leopoldina, hoje Helvécia, distrito de Nova Viçosa. Já na “ Estação do Mucuri”, o responsável pelo trem confirmou o fenômeno e ainda disse que, um pouco mais distante, a cerca de uma légua e meia do centro, o impacto foi ainda mais forte.
Desde a época, tremores de terra eram coisa rara no Brasil, ainda mais em regiões como o extremo sul da Bahia. Por isso, dá pra imaginar o espanto e até o medo da população, que não tinha muita ideia do que poderia estar acontecendo. Era o tipo de coisa que dava pano pra manga em conversas nas praças e armazéns.
O mais curioso é que essa história só chegou a ser conhecida fora da região graças às redes ferroviárias e aos telégrafos, que eram a tecnologia de ponta da época. Foi assim que o susto do sul da Bahia virou notícia no Rio de Janeiro, mostrando como, mesmo em 1888, as informações podiam viajar mais rápido que a maria fumaça da estrada de ferro. Uma tremedeira que certamente ficou marcada na memória de quem viveu aquele dia.
Daniel Rocha da Silva*
Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com
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Foto: Hélvecia. Fonte: estaçõesrodoviaria.com.br
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