Por Daniel Rocha
Outro dia, me peguei pensando no tempo que gastamos tentando impressionar uma plateia invisível. É curioso como, na vida social e profissional, a gente vive uma espécie de teatro diário. Escolhe a roupa certa, decora o discurso perfeito, calcula até o jeito de cruzar os braços. Tudo isso pra quê? Pra tentar se encaixar, pra parecer interessante, pra ser admirado.
E nas redes sociais, então? Esse palco vira uma arena. O sorriso precisa ser ensaiado, a legenda, um manifesto, e o look… ah, o look, escolhido como se fosse estampar uma capa de revista. A gente posa, publica e espera. Espera curtidas, espera aplausos, espera um tipo de validação que, no fundo, nem sabe explicar.
Mas sabe o que é engraçado? A tal plateia, essa que a gente tanto tenta conquistar, nem tá olhando. Sério. Aquela roupa que você escolheu a dedo? Já caiu no esquecimento. A piada que parecia genial no almoço? Ninguém lembra. A verdade é que as pessoas estão ocupadas demais com seus próprios problemas e luta para sobreviver para se importarem com o nosso show.
E aí, vem o choque de realidade: pra quê, então, tanto esforço? Por que tanta pose, tanta performance? Talvez seja hora de tirar o figurino, largar o roteiro e viver mais leve. Não que seja simples, mas parar de tentar impressionar quem não está prestando atenção já é um alívio enorme. Afinal, quando olham, geralmente é só pra apontar o dedo e criticar.
No fundo, não precisamos de uma plateia que nos aplauda. Precisamos de um sistema que nos permita viver com dignidade, sem a paranoia de agradar, sem o peso de corresponder a expectativas inalcançáveis. Porque, no fim das contas, a única plateia que realmente importa é você. E essa, acredite, já gosta de você do jeito que é.
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