Por Daniel Rocha
No dia 01 de janeiro de 1990, um acidente envolvendo um caminhão com produtos químicos tirou a paz de moradores dos povoados de Montinho e Monte Pascoal, em Itamaraju-Bahia, no primeiro dia do ano da última década do século XX.
Um buraco no quilômetro 786 da br 101, próximo ao município de itamaraju ( BA), a 773 quilômetros de Salvador, provocou o vazamento de 5 mil litros de paraxileno, um produto químico altamente tóxico que estava sendo transportado numa carreta , do polo Petroquímico de Camaçari para Minas Gerais.
O produto acabou contaminando um córrego que, na época, cuja água era utilizada no consumo doméstico de parte da população da região.
O motorista J. M, que conduzia o carregamento na carreta Scania, disse que tentou desviar do buracao, mas não conseguiu livrar uma das rodas traseiras, o que acabou provocando o vazamento de 5 mil dos 30 mil litros de paraxileno que levava.
Ao jornal que divulgou o ocorrido, Jornal A tarde, a Polícia Rodoviária Federal informou que havia isolado a área e alertado a população para não utilizar a água do córrego.
O episódio escancarou fragilidades maiores: a má conservação das estradas brasileiras no final do século passado, a negligência na regulamentação do transporte de substâncias perigosas e a ausência de mecanismos de proteção para comunidades rurais expostas a esse tipo de tragédia, especialmente em regiões afastadas dos grandes centros urbanos.
Ao olhar para esse incidente, é possível entender como as transformações econômicas e a negligência estatal criaram as condições para desastres que, embora localizados, revelam tensões sistêmicas que atravessaram o Brasil nas décadas finais do século XX.
Daniel Rocha da Silva*
Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com
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