40 Anos Teixeira de Freitas – O causo do Braço Forte
Por Daniel Rocha
Entre eles, um nome ecoava com força: Braço Forte. Um homem que, como o rio, era feito de águas turbulentas e correntezas imprevisíveis. Obstinado, cheio de qualidades e falhas, ele vencia pedras e cachoeiras, mas carregou consigo uma história manchada por um trágico episódio que nunca se apagou da memória de dois dos antigos moradores.
O rio Itanhém, cujo nome de origem Pataxó significa “Rio de Pedras”, não era um caminho fácil. Ao longo de seu percurso, cachoeiras e corredeiras impunham limites à navegação. A Cachoeira do Guerreiro, por exemplo, era o ponto onde muitos canoeiros paravam, resignados.
Além dela, segundo informou o memorialista Domingos Cajueiro Correia, outras quedas d’água, como a Cachoeira do Funil, a do Bendegó, a da Conceição e a Quarta Cachoeira, próxima à Fazenda Nova América , desafiavam até os mais experientes. Essas barreiras naturais tornavam praticamente impossível um percurso completo até a divisa com Minas Gerais.
O príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied, por exemplo, que navegou pelo rio em 1818, registrou em seus escritos o quanto essas barreiras eram intransponíveis. Sua expedição parou na Fazenda Morro das Araras, hoje comunidade Arara, sem conseguir avançar.
Mas essas barreiras não intimidou a todos. Quase um século depois um homem comum, um aventureiro de braços fortes e coragem de sobra, conseguiu o que parecia impossível: desbravar o rio Itanhém em toda a sua extensão. Seu nome? Braço Forte.
Segundo o causo popular, sua determinação em buscar o óleo raro o levava a enfrentar as cachoeiras e a mata fechada de uma forma que parecia quase sobre-humana. “Quando ele chegava nas cachoeiras, simplesmente saía do rio, abria uma trilha pela mata, enfrentando cobras e espinhos, contornando o percurso pedregoso para voltar para a água”, contou Isidro em 2014, em uma conversa informal.
Mas o causo de Braço Forte não exalta apenas os seus feitos. Jair de Freitas Correia, antigo morador da Fazenda Nova América, lembra-se de ter ouvido, quando criança, um causo que manchou a fama do lendário canoeiro. Braço Forte, conhecido por sua habilidade no remo e pela extração de óleos raros, também foi protagonista de um trágico episódio que envolveu vingança, traição e um crime chocante.
Daniel Rocha da Silva
Historiador graduado e pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
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