40 Anos de Teixeira de Freitas – A Fazenda Cascata na História da Cidade

 



Por Daniel Rocha

Antes das ruas asfaltadas, das avenidas movimentadas e dos prédios públicos, havia apenas o verde espesso da mata atlântica e o chão silencioso de um território ainda por nascer. No coração desse espaço, um marco discreto, mas decisivo, começou a se firmar: a Fazenda Cascata, que viria a desempenhar um papel fundamental nos primeiros capítulos da história de Teixeira de Freitas.

A origem oficial da fazenda remonta a 1891, quando o coronel Joaquim Muniz de Almeida solicitou ao governo da Bahia a posse das terras devolutas que já cultivava. Dois anos depois, em 1893, o título definitivo foi concedido, consolidando juridicamente o que seria uma das propriedades mais influentes da região.

Décadas mais tarde, no início do século XX, a fazenda passou às mãos de Quincas Neto, um personagem que deixaria sua marca profunda no sul baiano. Com faro aguçado para os novos tempos, ele abandonou o café em declínio e apostou no cacau, uma mudança estratégica que coincidiu com a crise da cafeicultura nos anos 1930. Mas sua ousadia ia além da produção agrícola.

A Fazenda Cascata passou a operar como um verdadeiro polo de desenvolvimento rural. Equipamentos de beneficiamento, alojamentos para trabalhadores e tropeiros, um centro de comércio ativo , tudo isso surgiu em plena zona rural, transformando a propriedade em um núcleo autossuficiente.

Entre as décadas de 1930 e 1950, a Cascata não era apenas uma fazenda – era uma comunidade completa. Com igreja, escola, loja, oficina, açougue, dormitório para tropeiros e mais de vinte casas para os trabalhadores, verdadeiros geradores da riqueza local, ela irradiava vida, cultura e dinamismo para outras propriedades do entorno, como a Nova América e a Fazenda Araras.

Por ali passavam tropeiros vindos do interior, em direção ao litoral sul da Bahia. Na Cascata, encontravam não só descanso, mas também estrutura, acolhimento e oportunidades. Era um ponto estratégico no caminho do progresso, uma espécie de entreposto que preparava o terreno para algo maior.

Dessa forma, antes de ser cidade, Teixeira de Freitas foi projeto. Foi ideia coletiva, tecida a muitas mãos e pés que cruzaram aquelas estradas de chão. E a Fazenda Cascata foi uma das primeiras a sonhar com esse futuro.

No próximo texto da série, vamos explorar como as estradas abertas a partir da fazenda se tornaram caminhos essenciais para o surgimento do povoado que mais tarde daria origem a Teixeira de Freitas. Além disso, traremos o relato de uma antiga viajante, compartilhando suas impressões sobre o povoado e a fazenda durante a década de 1950, oferecendo um olhar único sobre esse período que ajudou a moldar essa história.

Fontes:

Teixeira de Freitas histórico. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/historicos_cidades/historico_conteudo.php?codmun=293135 > Acesso em: 05 de agosto 2013.

Entrevista com Zé Sergio, Maio de 2013.

SAID, Fabio Medeiros. História de Alcobaça – Bahia (1772-1958)

Daniel Rocha da Silva

Historiador graduado e pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.

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  • E-mail: samuithi@hotmail.com


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