Teixeira de Freitas 40 anos – O Censo Popular de 1979
Por Daniel Rocha
Em 1979, uma década após o primeiro levantamento feito por freis católicos que percorriam ruas de terra e comunidades isoladas, Teixeira de Freitas, ainda subordinada a Alcobaça e Caravelas , já dava sinais claros de transformação.
De povoado perdido no extremo sul da Bahia, a localidade assumia contornos urbanos e se afirmava como um polo emergente. O “Censo popular” promovido pela Igreja Católica revelou os primeiros números dessa mudança.
Para melhor caracterizar o período, o site Tirabanha também realizou um levantamento detalhado, cruzando dados e traçando um retrato mais amplo da cidade naquele momento decisivo. Confira!
População em alta e infraestrutura na marra
Se em 1969 embarcar para outra cidade significava esperar na sombra de uma árvore, na Praça dos Leões, em 1979 o cenário era bem diferente. Segundo a contagem da Igreja, Teixeira de Freitas atingia a marca de 33.031 habitantes.
O levantamento do site Tirabanha complementa esse panorama, mostrando que a infraestrutura urbana começava a sair do improviso: a cidade já contava com uma rodoviária moderna, dois hospitais em funcionamento e uma escola estadual de portas abertas para uma nova geração de estudantes.
Pluralidade religiosa marca identidade local
A fé, elemento constante na vida teixeirense, acompanhava o ritmo das mudanças. O catolicismo, antes representado por uma única igreja, já reunia sete templos em funcionamento ao fim da década.
As igrejas evangélicas cresceram ainda mais, passando de duas para treze. E a diversidade religiosa se aprofundava: segundo apuração do Tirabanha, ao menos três terreiros de matriz africana já estavam em atividade, consolidando a pluralidade de crenças na formação da identidade local.
Economia em ritmo acelerado
O crescimento urbano veio acompanhado de uma reconfiguração econômica. O setor madeireiro, que dominava a paisagem nos anos 1960, ainda tinha fôlego: o número de serrarias saltou de três para trinta. Mas foi a agropecuária que assumiu o protagonismo ao longo da década.
A ocupação das terras desmatadas impulsionou a produção agrícola e pecuária, enquanto a criação de uma cooperativa mista e a instalação do Parque de Exposições representaram os primeiros passos rumo à consolidação do agronegócio como motor da economia local.
Comércio aquecido e vida social em expansão
O impacto do crescimento populacional e econômico se refletiu diretamente no cotidiano dos moradores. De quatro lojas registradas em 1969, Teixeira saltou para 99 em 1979, segundo o censo popular.
O número de bares, espaços tradicionais de convivência, pulou de 12 para 200, evidenciando uma vida social intensa. O levantamento do site Tirabanha revela ainda a existência de três salas de cinema, um clube social e o próprio Parque de Exposições como opções de lazer já consolidadas.
Agências bancárias e presença do Estado
Os dados levantados pelo site também apontam para a chegada de estruturas estatais. Duas agências bancárias já operavam na cidade, e a presença do DERBA (Departamento de Estradas de Rodagem da Bahia) marcava o início da atuação mais efetiva do Estado na região, consolidando a urbanização e reforçando o papel de Teixeira de Freitas como centro regional.
Um retrato em ebulição
Os dados do Censo Popular de 1979 e o levantamento feito pelo Tirabanha revelam uma Teixeira de Freitas em plena ebulição ,com suas contradições, improvisos e avanços. De povoado a cidade em formação, a localidade despontava como referência regional. Os próximos passos, como mostraria o censo de 1985, confirmariam essa trajetória de ascensão urbana,tema do nosso próximo texto.
FONTES:
HOOIJ, Frei Elias.Os desbravadores do Extremo Sul da Bahia: história da presença franciscana nessa região – raízes e frutos. Belo Horizonte. 2011.
Acervo site tirabanha.com.br
Daniel Rocha da Silva
Historiador graduado e pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
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E-mail: samuithi@hotmail.com
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