Casas de Câmara e Cadeia – Ruínas e lembranças
Por Daniel Rocha
As Casas de Câmara e Cadeia foram centrais na organização das vilas coloniais brasileiras, unindo política e justiça. Imponentes e estrategicamente localizadas, simbolizavam o poder da Coroa e o controle social.Ao lado das igrejas, formavam o eixo da autoridade e da fé no cotidiano colonial.
No sul da Bahia, algumas ainda existem; outras vivem apenas na memória e nos documentos. Em Prado, restam apenas ruínas na esquina das ruas Getúlio Vargas e Travessa 3 de Maio, vestígios de uma construção de 1837 que resistiu inteiramente até a década de 1960. Nas imagens a baixo, é possivel ver o que sobrou do imponente casarão.
Um jornal de 1888, O Apóstolo, descreveu o local como “uma casa de câmara, ao mesmo tempo servindo os fundos de quartel e cadeia, guardados por três policiais”.
Outros casos revelam perdas irreparáveis. Em Caravelas, a antiga Casa de Câmara e Cadeia foi consumida por um incêndio no início do século XX, restando apenas lembranças nos relatos históricos. Já em Alcobaça, há registros de prisões e da atuação de legisladores, mas não há confirmação de que a cidade tenha chegado a possuir uma sede própria para a administração e práticas jurudicas.
![]() |
| Ruinas da Casa de Camêra e Cadeia do Prado |
Um documento de 1803 já apontava a precariedade da cadeia local de Caravelas, instalada em uma simples casa térrea, sem portas, onde um tronco de madeira servia como instrumento de prisão. Somente em 1833 foi construída uma cadeia pública na vila, hoje também inexistente.
Mais do que construções antigas, as Casas de Câmara e Cadeia são testemunhos da vida política e social do Brasil colonial. Preservá-las — ou ao menos resgatar sua memória — é essencial para entender como as vilas se organizavam, como a autoridade era exercida e como a população vivia sob as regras e vigilância do sistema colonial.
Essas edificações são como aquele parente que, mesmo meio esquecido num canto, tem histórias incríveis para contar no almoço de domingo. Podem estar desgastadas pelo tempo, mas guardam segredos valiosos sobre quem fomos — e como chegamos até aqui.
Além de símbolos de poder, essas casas eram cenários onde a história ganhava vida. No próximo texto, você vai conhecer relatos marcantes vividos entre as paredes das antigas Casas de Câmara e Cadeia do extremo sul da Bahia.
Daniel Rocha da Silva
Historiador graduado e pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.
Contato: WhatsApp (73) 99811-8769 | E-mail: samuithi@hotmail.com . Comunidade no Facebook
O conteúdo deste site não pode ser copiado, reproduzido, publicado no todo ou em partes, ou convertido em áudio ou vídeo sem autorização expressa do autor.
Fontes:
Revistas do IPHAN (RJ) – 1937 a 2002:
Grupo Geográfico – Praias da Bahia.
http://www.bahia-turismo.com/sul/prado/cadeia-publica.htm
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2015.


Comentários