A reeleição de Dr. Wagner – Parte l

 

Por Daniel Rocha

As eleições municipais de 2000 foram um divisor de águas na política brasileira. Pela primeira vez, o pleito foi realizado de forma totalmente digital, utilizando urnas eletrônicas em todo o país.

Essa inovação não apenas modernizou o processo eleitoral, mas também trouxe uma mudança significativa nas regras: a reeleição imediata para prefeitos. Essa nova dinâmica alterou profundamente o tom das campanhas e acirrou o cenário político em diversos municípios. Em Teixeira de Freitas, a situação não foi diferente.

O então prefeito Dr. Vagner”, Wagner Mendonça,  aproveitou essa oportunidade e fez história ao se tornar o primeiro prefeito reeleito da maior cidade do Extremo Sul da Bahia.

Com essa reeleição, Wagner não apenas consolidou seu poder local, mas também simbolizou a transformação que as novas regras eleitorais trouxeram ao Brasil, refletindo um período de mudanças e desafios no panorama político nacional.

A vitória de Wagner, no entanto, não foi apenas fruto das novas regras eleitorais, mas sim do enfrentamento de uma série de desafios e reconfigurações políticas que marcaram seu primeiro mandato (1997-2000).

Entre esses desafios, o rompimento com seu antigo mentor, Timóteo Brito, e a consequente ruptura com o grupo político liderado pelo ex-governador Antônio Carlos Magalhães (ACM) e o governador Paulo Souto, destacam-se como eventos de maior impacto.

Até 1996, Wagner havia sido vice-prefeito de Timóteo Brito, com quem mantinha uma aliança que lhe garantiu apoio nas eleições daquele ano.

No entanto, o rompimento em 1998 mudou completamente o cenário para Wagner. Afastado de figuras políticas centrais no estado, ele se viu isolado politicamente, sem apoio dos governos estadual e federal.

Esse isolamento marcou seu primeiro mandato, em que enfrentou oposição constante, tanto na câmara municipal quanto no cenário estadual. Ainda assim, Wagner conseguiu reestruturar sua base de apoio estratégica.

Com habilidade de diálogo e política, ele construiu novas alianças estratégicas, principalmente com a influente família Pinto, tradicional adversária de Timóteo Brito, que indicou Concita Pinto como vice-prefeita.

Dessa forma, essa nova relação não apenas lhe proporcionou apoio, mas também fortaleceu sua influência na comunicação local, já que a família controlava emissoras de rádio e TV, como a Sulbahia, que, na época, pertencia ao deputado federal.

À medida que Wagner se aproximou do governador César Borges e do deputado Francistônio Pinto, conseguiu estabelecer uma governabilidade que lhe permitiu concluir seu primeiro mandato com relativa estabilidade. 

No entanto, essa nova dinâmica também revitalizou o ciclo de dependência política e favorecimentos, características marcantes da política baiana e local em um primeiro momento.

Em resumo, essas alianças foram decisivas para sua reeleição e segundo governo a partir de  2000,  a primeira da história da cidade após a aprovação da emenda constitucional de 1997, que permitiu um segundo mandato. 

Por fim, esse evento não apenas consolidou a posição de Wagner como um líder local, mas também se tornou um marco na história eleitoral do Brasil e da cidade de Teixeira de Freitas, onde a habilidade política e a estratégia tornaram-se fundamentais para a sobrevivência e a prosperidade no ambiente político local.

(Continua no próximo texto…)

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.

Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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Fontes:

Jornal Extremo Sul. Ano 2000.

Jornal Folha Rural. Ano 2000.

Panfletos políticos. Eleições 2000.

Tudo sobre as eleições municipais de 2000. Política. Fernando Rodrigues.

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