O futebol na história de Teixeira de Freitas: Parte 01


Por (Daniel Rocha) A cidade de Teixeira de Freitas nasceu na divisa entre os municípios de Caravelas e Alcobaça,  o sul pertencia ao território Caravelense e o norte ao Alcobacense. 
Neste povoado dividido os moradores procuravam desfrutar ao máximo o tempo livre  em um dos diversos  campos de futebol existentes no  povoado.


Segundo o colaborador Domingos Cajueiro Correia ,com base em informações passadas por Osair Nascimento, na década de 1950 foi formado  a equipe amadora da Prainha,  composta por moradores e vizinhos da fazenda Nova América. Segundo conta a equipe  atraía a atenção dos moradores com partidas organizadas pelos fazendeiros locais.


Ainda de acordo com o ilustre morador, o time  de futebol foi o primeiro   do povoado de Teixeira de Freitas. A equipe   jogava com diversos outros  da região, fato evidenciado nos bilhetes trocados pelos moradores marcando partidas.

 Revela   Domingos Cajueiro que a família conserva um destes bilhetes escrito pelo agricultor “Zequinha do Rancho Queimado”.  No bilhete datado de 1966 , o agricultor solicita o agendamento de um jogo amistoso contra o time amador da Prainha.

O time tinha  uma torcida organizada pelos moradores locais, boa parte formada por membros da numerosa família Freitas Correia.  A torcida era muito esforçada e sempre davam seu jeitinho para acompanhar o time em excussões a fazendas  e povoados vizinhos.  No final dos jogos havia sempre uma grande confraternização,  festas movidas a  músicas e boa comida típica. Com o crescimento do povoado outras equipes surgiram.

Na década de  1960 ,  com a  chegada de  migrantes  de toda parte da região e dos estados vizinhos para morar no povoado, foi  aberto um campo “com tamanho oficial” na região do trevo, onde hoje funciona o posto Gaivota.

Neste mesma década,1960, surge o time do Nova América  formado por moradores do povoado, das fazendas e bairros próximos, um fato curioso e que o time local usava a camisa do carioca Vasco como referncia. 

Como não havia emissoras de rádio  na região a maioria dos moradores sintonizavam apenas as emissoras  do sudeste do país; por isso os times do sul gozavam de grande prestígio e popularidade em toda costa das baleias.

Ao longo do tempo, o futebol local firmou-se como uma ótima opção de lazer para os moradores do povoado. No início dos anos 1970, o número de campos multiplicou, como não havia um estadio municipal as partidas  eram realizadas em áreas abertas, terrenos baldios e particulares.

No povoado cada lado tinha seus campos de referencia; ao sul da Avenida Marechal Castelo Branco, ficava o da serraria Divilam e o popular campo da escola Manuel Cardoso Neto. Ao norte, o campo do DERBA, o futuro estádio Robertão e o campo do Batalhão. 

O Colunista esportivo Amadeu Ferreira escreveu que o futebol do teixeirense deslanchou em meados dos anos 1970 quando começaram a surgir inúmeras equipes profissionais, financiadas por empresários locais.

Em 1976, as primeiras competições oficiais foram realizadas em três diferentes áreas do povoado: no campo do Batalhão,  do DERBA e da Serraria Divilam, que também dava nome ao time.

De acordo com  Amadeus a localização do campo da Divilam ficava onde hoje atende a construtora Zé Carlos. Marisa Aguiar, moradora do lado norte do povoado, recorda que na adolescência  o campo  era um dos pontos de encontra da moçada.

Quase uma obrigação, todo sábado a tarde ir ao local assistir partidas de futebol com as irmãs mais velhas.” Mas iam só para assistir os jogos?  ”Não era apenas para ver os jogos mas também se divertir e conhecer pessoas.”

Conta que na vizinhança das mediações rolava um churrasquinho com refrigerante e o tradicional namorico no final das partidas: “Uma sensação Indescritível."

Depois da socialização  a comemoração se  estendia a alguns bares próximos. No dia seguinte a festa continuava nas residências dos jogadores  com muita cerveja e  churrasco.

Outro frequentador de campos de futebol desta década, Valdir Matos, conta que ele preferia frequentar o campo do DERBA, que ficava no lado Alcobacense da cidade; destaca que este sempre foi mais movimentado e divertido  tal como era o do Batalhão e do centro Social Urbano. Lembra que era um programa divertido de se fazer com os amigos.

O campo do DERBA foi fundado por funcionários do dito órgão para o lazer dos trabalhadores nos fins de semana; devido a sua popularidade  se tornou mais tarde o estádio municipal. Como no campo da Divilam o público prestigiava nestes a disputa dos times locais e regionais. Segundo Amadeus Ferreira:

“O povoado de Teixeira de Freitas tinha como destaque duas equipes, o Brasil, time montado pelo senhor Valdir, proprietário do pioneiro Supermercado Brasil, e a Portuguesa, equipe criada pelo saudoso Deusdete Moreira Alves em 1973, aproximadamente. Brasil e Portuguesa além dos confrontos memoráveis que faziam entre si, também representavam o nosso futebol com a realização de jogos com times da região.”

Curiosamente, os times de futebol da década de 1970 foram batizados com o nome das empresas que os jogadores trabalhavam, como por exemplo: a Divilam, Esportiva, Bahia Sul, diferente dos primeiros times que se identificavam pelo nome das fazendas onde era formado o clube.

Julgo que as empresas madeireiras e o comércio fizeram uso dessa paixão para divulgação de suas marcas e ao mesmo tempo  proporcionar  o crescimento do esporte que já era uma paixão nacional.

É digno de nota, os entrevistados afirmam que na década de 1970 o espírito coletivo era maior  e isso facilitava a socialização dos moradores do povoado dividido entre os municípios litorâneos de Caravelas e Alcobaça. 

Diante dos fatos, suponho, que a socialização nestes espaços , juntamente com outros agentes, foram os responsáveis pelo despertar de um sentimento  de pertencimento valioso  que  contribuiu para o processo de emancipação política do  povoado de Teixeira de Freitas.

Os campos abertos para prática do futebol  não eram apenas locais de diversão, mas também espaços livres à sociabilidade.







Fontes:
Benedito Pereira Ralile, Carlos Benedito de Souza, Scheilla Franca de Souza, 2006).

Entrevista Marisa Aguiar , 2009.

Conversa informal sobre o assunto com:
Valdir Silva.
Domingos Cajueiro Ferreira.


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