“Até a Última Gota” – Os limites da sobrevivência




 Por Murilo Mello

Disponível na Netflix, Até a Última Gota é mais do que um filme psicológico, é uma experiência que coloca o espectador cara a cara com os extremos da sobrevivência em um mundo onde a indiferença é regra. É também sobre o que a gente é capaz de fazer antes de se chegar ao limite.

A trama acompanha a angústia de uma mãe solo, que, sem dinheiro, sem casa e sem saída, vê sua filha em perigo. Em um ato de desespero, invade um banco e faz reféns, iniciando um impasse que vai além da ação impulsiva. O filme se transforma em um retrato doloroso da luta por dignidade, expondo fragilidades que muitas vezes preferimos ignorar.

No papel principal, Tyler Perry entrega uma atuação crua e visceral, transmitindo cada medo, cada dúvida e cada explosão de força. A protagonista nos faz sentir o peso da precariedade e o impacto das escolhas impossíveis, tornando impossível não se envolver emocionalmente com sua história.

Além da tensão, o filme mergulha em temas urgentes: racismo, saúde mental e a vulnerabilidade das redes de apoio, especialmente para afro-americanos. Para os brasileiros, a realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) surge como um contraste, mostrando como o acesso à saúde pode ser a última barreira contra o colapso.

Até a Última Gota não é um filme confortável. Ele nos obriga a encarar o impacto da desesperança, revelando até onde uma pessoa pode chegar quando não tem mais opções.

Mas nada prepara o espectador para o final surpreendente. Quando parece que todas as respostas foram dadas, a história vira completamente, deixando no ar um debate sobre justiça, moralidade e o fracasso social na proteção dos mais vulneráveis. Um filme que não se esquece facilmente—e que merece ser discutido muito além da tela.

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