Comidas típicas em Teixeira de Freitas: Parte 03






Por Daniel Rocha

O Bioma Mata Atlântica do Extremo sul da Bahia e o Rio Itanhém influenciaram diretamente a alimentação de parte das famílias residentes em fazendas dos territórios subordinados aos municípios de Caravelas e Alcobaça, mais tarde cidade de Teixeira de Freitas, até meados da década de 1970.

De acordo com relatos de antigos moradores das comunidades rurais à alimentação, até a década de 1950, era basicamente composta por farinha de mandioca, peixe carne de porco e caça. 

Esses tipos de carne estavam presentes praticamente nas três principais refeições do dia: café da manhã, almoço e no jantar das fazendas de famílias negras como a Nova América, Água Limpa e Araras. 

Conta o senhor Arnaldo Santos, proprietário da fazenda Água limpa, hoje bairro Wilson Brito e parte do centro da cidade, que a criação e o consumo da carne de porco eram habituais até a década de 1950.

Detalha que do porco se aproveitava de tudo um pouco o toucinho por exemplo gerava a banha muito utilizada no preparo de outros alimentos. Por essa razão praticamente toda família rural tinha um chiqueiro no quintal. 

Segundo conta Ivanildo Ivo do Nascimento, 76 anos, ainda hoje morador na Prainha, antiga sede da Fazenda Nova América, ao lado da carne suína o peixe também tinha seu lugar na mesa. 

Lembra que a pesca foi uma constante no Rio Itanhém que ofertava uma grande variedade de peixes, Crumatã, Piau e Piabinha, Judeu, Mandi.Destaca que o Mandi era popular entre os ribeirinhos e muito procurado pelos trabalhadores das lavouras porque era de fácil preparo.

Conta que o peixe “ Mandi era salgado e levado ao forno ou ao sol, seco, era servido misturado ao óleo de dendê e farinha de mandioca.” 

Além das criações e dos peixes, o senhor Isidro A. Nascimento, que foi morador da Fazenda Araras e Novo Acordo, recorda que animais como Paca, Tatu, Cotia, Macaco e Saruê, eram caçados com regularidades na mata que cobria a região.

Recorda de ter caçado um lagarto que ele desconhece o nome, mas que achou "muito saboroso". Tudo que era visto era abatido para consumo.

Segundo conta Maria das Dores Cajueiro Correia, 59 anos, que aprendeu as regras do preparo com a mãe, Maria de Lurdes Cajueiro, a caça tinha que ser limpa e temperada o mais rápido possível. 

 

A primeira providência, sendo um Saruê, era levar diretamente sobre o fogo para queimar todos os pelos. Depois retirar com muito cuidado a glândula mal cheirosa. 

Depois era só ferventar a carne com folhas da mandioca para eliminar o mau cheiro por completo. Cozida, assada ou frita a carne era servida acompanhada, normalmente, com pirão, feijão ou farofa. 

Diante do exposto à pergunta: o consumo deste tipo de carne está totalmente extinto da mesa dos teixeirenses?  O interessante não é encontrar a resposta, é entender o motivo. Observe o que é consumido no dia a dia, converse com as pessoas a sua volta sobre os hábitos alimentares do passado e compare com o presente. Perceba como a indústria e a cultura organizacional influenciam o nosso modo de alimentar.

Fontes:
Conversa Informal com:
Isidro A. Nascimento 2014
Ivanildo Ivo do Nascimento 2014
Arnaldo Santos 2013
Maria das Dores Cajueiro Correia. Registro feito por Domingos Cajueiro Correia 2015.
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