Por Daniel Rocha
“Quem foi rei nunca perde a majestade”, essa sabedoria popular não falha e foi fato provado quando antigas carroças utilizadas na limpeza pública da cidade de Salvador (BA), voltaram a ativa para substituir os modernos caminhões coletores.
Isso porque, segundo o jornal A Notícia, de 08 de janeiro de 1915, quando o município ficou responsável pela obrigação de limpar as ruas da cidade e recolher o lixo dos domicílios, desprezou as velhas carroças puxadas por animais aderindo à modernização e o progresso dos automóveis e caminhões.
Ainda de acordo com o jornal soteropolitano, no princípio, a mudança que retirou as carroças de circulação deu bons resultados, mas, não durou muito. Uma crise assolou a economia do município que ficou impossibilitado de pagar os trabalhadores da limpeza que reagiram organizando greves que paralisaram o serviço. Na época o setor têxtil, o mais importante ramo de produção da cidade, foi afetado pelas consequências da Primeira Guerra Mundial (1914 –1918) e a população sofria com a falta de gasolina nos postos.
Diante da situação, os caminhões foram retirados de circulação e a cidade ficou sem recolhimento, limpeza pública e tomada por montões de lixo. A fim de resolver o problema, o governo do município, como medida de salvação pública, recorreu às esquecidas carroças que voltaram a fazer a limpeza da cidade como era feito no passado antes dos caminhões. De acordo com o jornal, os carroceiros voltaram sob o comando de uma figura popular conhecida como “preto Crispim Fiscal”.
Ainda sobre a volta dos trabalhadores e carroças destacou o jornal: “Os animais das carroças parece que estavam desacostumados de andar por toda a parte, parando aqui, parando acolá, e não contribuíram para que os serviços fossem feitos de acordo com as necessidades da população.
Tiveram que recorrer aos caminhões, apesar da falta de gasolina”. Contudo,acredita-se, seguiram os carroceiros prestando o serviços, provando que de fato as qualidades do passado nunca deixam de ser reconhecidas em momentos de crise.
Daniel Rocha*
Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X. Contato WhatsApp: (73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com
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