Filmes que marcaram época em Teixeira de Freitas -Tropa de Elite




Por Daniel Rocha

Em 2007, o filme Tropa de Elite  foi vazado e pirateado antes mesmo de seu lançamento. Em Teixeira de Freitas,  como em todo o Brasil, a obra  não passou despercebido nas bancas dos camelôs, seu sucesso imediato o transformou em um dos longas cinematográficos mais debatidos e assistidos daquele ano. Que  discussões suscitou o filme? De que forma reagiu à sociedade? Os estudantes? De que forma atingiu os vendedores ambulantes da cidade?

Em agosto de 2007, o filme Tropa de Elite, que estava programado para estrear em outubro, já se encontrava à venda em todo o Brasil através dos DVDs piratas facilmente encontrados em qualquer banca de feira,  graças, em parte, ao  vazamento que  ocorreu na etapa de pós-produção, edição, que disponibilizou na internet  o segundo corte do diretor que acabou por se tornar a versão mais popular da obra que  encantou o público e fez a alegria dos vendedores de DVDs piratas daquela época.

Protagonizado pelo ator Wagner Moura, no papel de um capitão do Bope inspirado numa fusão de personagens reais, o filme que retrata as práticas de corrupção e os  atos de violência desmedida cometidas por membros da corporação carioca, Bope, destacava a violência urbana e os  excessos policiais frente a população pobre residente em favelas e  a “culpa” dos usuários de drogas na problemática do tráfico.

Com todos esses temas sociais em evidência, em Teixeira de Freitas- Ba, o filme não ficou restrito aos consumidores comuns de mídias piratas, a obra tornou-se popular também  entre o público universitário que não só adiantou os debates em torno dos temas sociais  apresentados, como também apressaram a sua exibição em espaços de discussão, como as faculdades. 

Há relatos que na época o filme foi exibido em uma sessão livre organizada  por acadêmicos do curso de Direito, na quadra de uma renomada Faculdade local, com muito sucesso, debates e repercussão. Tal  feito fez com que o mesmo fosse realizado em outras  instituições de ensino superior da cidade por alunos, em horários alternativos, ou pelos próprios professores, em horário de aula. 

Contudo, embora os sites de internet e jornais já debatiam também a questão da pirataria, para o público local esse tema, no primeiro momento, não foi relevante, porque na cidade era comum e muito fácil obter esse tipo de produto, filmes vazados, em qualquer parte da cidade através dos camelôs  por um preço bem acessível. Era proibido, mas normal.

Talvez provocado pelo  sucesso do vazamento do filme e toda discussão em torno do assunto, as autoridades  brasileiras reagiram à comercialização em algumas partes do país, como mostra registros jornalísticos do Rio de Janeiro e daqui da cidade.  

Em setembro de 2007, por exemplo, na  capital carioca, cerca de 1,5 mil DVDs piratas do filme foram apreendidos por policiais da delegacia de repressão aos crimes contra a propriedade imaterial. Ninguém foi preso. 

No mesmo mês, 11 de setembro, na praça teixeirense,  o grupo de reação da Polícia Civil local, apreendeu aproximadamente 5 mil DVDs e CDs piratas que eram comercializados livremente pelos  trabalhadores ambulantes que exibiam sem pudor o material líder de vendas.

“A equipe da Polícia Civil agiu de forma simultânea e coordenada em todos os bairros de Teixeira de Freitas, o que dificultou qualquer tipo de ação dos chamados “prateiros”, que costumam esconder suas mercadorias ilegais quando sabem desse tipo de ação policial”. Destacou, na época, o site  Teixeira News.

Ainda conforme o site,  a ação policial foi desencadeada por solicitação de associações comerciais teixeirenses que: “cobraram da Polícia Civil uma resposta direta para os atos de pirataria geradores de prejuízos ao comércio”.

Por conta do filme, a alegria dos vendedores de DVDs pirateados foi convertida em tristeza, mas não por muito tempo. A operação foi episódica e a atividade dos informais seguiu livremente, como mostra foto  de 2011 que ilustra o texto.

Como a ação  ocorreu  dias antes da estreia nacional do filme nos cinemas, 5 de outubro, relaciono também a apreensão realizada aqui em Teixeira de Freitas ao contexto da época, logo ao barulho  e discussões provocadas pelo filme.

Segundo o Jornal do Commercio, antes da estreia da fita nos cinemas, um mês antes,  pelo menos 19 oficiais entraram na justiça pedindo modificações no filme. Para o advogado, ao Jornal , o filme mostrava o Bope como uma horda de assassinos e torturadores”. 

De acordo com Wikipédia,  “Uma pesquisa feita pelo Ibope chegou a estimar que mais de 11 milhões de brasileiros teriam visto o filme de forma ilegal” e que isso, “entretanto, não impediu o filme de ter sido bem-sucedido nas bilheterias, tendo estreado em primeiro lugar.” O filme  chegou no final do  mesmo mês no Cine Teixeira, então único da cidade, atraindo com sucesso o público universitário e outros tantos.

 

Fontes:

 

Jornal do Commercio 2007

 

Revista Set 2007.

 

Wikipédia

 

Daniel Rocha*

 

Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.  Contato WhatsApp: (73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com. O conteúdo deste Site não pode ser copiado, reproduzido, publicado no todo ou em partes por outros sites, jornais e revistas sem a expressa autorização do autor. Facebook 

 

 

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog

Click e Veja