Teixeira de Freitas 2000 - A Carreta da Vitória de Dr. Wagner


Por Daniel Rocha

Após os trios elétricos e as caminhadas de 1992 e a batalha de jingles em 1996, as carreatas se tornaram o verdadeiro termômetro da popularidade nas eleições municipais de 2000. Os principais candidatos, Padre Aparecido, Temóteo Brito e Wagner Mendonça, competiam por atenção nas ruas e avenidas, transformando Teixeira de Freitas em um verdadeiro autódromo de carreatas. Mas, diante desse espetáculo, surgiam perguntas inevitáveis: o que realmente movia esse show de motores e bandeiras?

Relatos e memórias populares da época, coletados em conversas informais e panfletos políticos, descrevem um cenário de intensa competição eleitoral, em que o prefeito buscava a reeleição enfrentando seu antigo  padrinho político, Temóteo Brito, e seu ex-secretário de assistência social, Padre Aparecido, ambos bem posicionados junto à opinião pública.

Nesse contexto, as carreatas, que sempre fizeram parte das disputas nas cidades, ganharam ainda mais importância, pois, acredita-se, era necessário ocupar as ruas e demonstrar apoio político e popular diante das possibilidades de ambos os  candidatos e de apresentar os nomes em disputa para a câmara de vereadores.

Assim,por exemplo, em setembro de 2000, uma multidão de apoiadores, políticos, partidários e cabos eleitorais ocupou as ruas e avenidas de Teixeira de Freitas, com diversos automóveis por cerca de três horas em uma grande carreata organizada para exibir força do então prefeito e superar o desfile de Temóteo Brito, que havia gerado muitos comentários na cidade.

Durante a "carreata da vitória", o prefeito Wagner Mendonça mostrou claramente sua influência e liderança sobre seu grupo político, que o acompanhou do início ao fim. Ele desfilou em um carro aberto, seguido por um trio elétrico e uma longa fila de automóveis, ao lado de sua candidata a vice, Concita Pinto, e de seu maior apoiador, o ex-prefeito e deputado estadual Francistônio A. Pinto. A carreata reuniu mais de mil veículos, destacando o apoio expressivo da população, e o prefeito fez questão de divulgar o sucesso alcançado.

Dias depois, um panfleto distribuído enfatizou: "A carreata da Vitória calou a boca de muita gente, pois superou a soma das duas carreatas dos outros candidatos. Quando o povo quer, ninguém segura." No entanto, além de atrair atenção, esses eventos também dividiam a população e levantavam uma pergunta entre os eleitores: foi o amor pelo candidato ou o tanque cheio que levou tanta gente e tantos carros às ruas?

Carros no evento eleitoral

Segundo esses relatos, a carreata do prefeito, assim como as dos outros candidatos, estava repleta de "apoiadores" que, na verdade, estavam mais interessados no combustível gratuito distribuído antes do evento e nos bicos oferecidos pela campanha. Isso revela  que um outro jogo de poder , o econômico, se escondia por trás das buzinas e bandeiras.

Por fim, diante do exposto, convém lembrar que durante a campanha eleitoral, é essencial concentrar-se nas propostas e nas reais necessidades da população. Caso contrário, o foco no barulho e nas carreatas pode se transformar em um espetáculo onde o poder político é medido pelo número de veículos, pessoas, e exibições grandiosas de poder econômico, em vez de pelas ideias que devem ser as verdadeiras protagonistas da disputa eleitoral.

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.

Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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