O SANEAMENTO BÁSICO NA HISTÓRIA DE TEIXEIRA DE FREITAS: PARTE 04





Por Daniel Rocha

Em 1970, estimava-se que 54% da população urbana no Brasil tinha acesso ao abastecimento de água. No ano seguinte, o governo federal lançou o PLANASA – Plano Nacional de Saneamento, uma iniciativa pioneira destinada a implementar serviços de água e esgoto em cidades em rápido crescimento.

Como parte desse plano, em 11 de maio de 1971, a Bahia aderiu ao programa junto com outros estados do Nordeste e criou a EMBASA – Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. A missão da estatal era desenvolver projetos, construir, ampliar e reformar sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário em todo o estado.


Em 1974, o povoado de Teixeira de Freitas passou a contar com os serviços de água encanada fornecidos pela EMBASA. No entanto, mesmo após a implementação do serviço, muitos moradores ainda dependiam de rios, lagos e minadouros para suas atividades domésticas.

Isso levanta uma questão importante: por que, apesar da disponibilidade de água encanada, os moradores continuavam a utilizar outras fontes? Embora o espaço aqui seja limitado para explorar todas as nuances dessa questão complexa, algumas suposições podem ser feitas.

Uma hipótese é que o sistema de distribuição possa ter sido inaugurado com capacidade insuficiente. Essa conclusão é apoiada por uma entrevista com o médico Jacob Muniz Medeiros, publicada na revista Teixeira de Freitas em 1985. Segundo Jacob, o sistema, inaugurado nos anos 1970 para atender à população até 1990, já era deficitário desde o início. Ele explicou que o sistema contava com dois reservatórios de 500 mil litros, destinados a 6.212 ligações domiciliares.

Com base nessa informação e nos relatos dos moradores, parece que, embora houvesse um sistema de tratamento de água, sua ineficiência fazia com que a água encanada fosse insuficiente na prática.

Outra hipótese é o sabor desagradável da água, que desestimulava seu consumo. Vitória Lemos, de 70 anos, que trabalhou como “aguadeira” de 1970 até meados da década de 1990, conta que seu trabalho consistia em buscar água em minadouros e vendê-la.

Ela recorda, sorridente, como criou seus filhos trabalhando duro e levantando-se cedo para buscar água em uma bica no fundo do Clube Jacarandá. Sua clientela, composta principalmente por famílias de classe alta do bairro Recanto do Lago, preferia a água dos minadouros devido à sua melhor qualidade.

Considerou-se também a possibilidade de o custo da água encanada ser um fator, mas essa hipótese foi descartada após relatos de moradores de que a taxa era irrisória. Assim, a hipótese mais plausível é que a oferta ineficiente e a baixa qualidade da água encanada forçavam os moradores a buscar fontes alternativas.

Em 1995, o sistema de distribuição foi ampliado, melhorando a qualidade do abastecimento de água, que frequentemente sofria interrupções devido à quebra de peças cuja reposição demorava a chegar de Salvador.

Em 31 de março de 1997, o município de Teixeira de Freitas formalizou um contrato de concessão com a EMBASA, delegando à empresa a responsabilidade pelo abastecimento de água e pela coleta, remoção e tratamento de esgoto sanitário por um período de 20 anos, até a substituição pelo plano municipal de saneamento básico em 2017.

Nos últimos anos, a EMBASA tem sido alvo de muitas críticas, especialmente nas redes sociais, devido à má qualidade da água e à falta de abastecimento em diversos bairros da cidade, que hoje conta com córregos e minadouros extremamente poluídos.

Fontes:


BANCO DO NORDESTE.  As origens. Teixeira de Freitas, Fortaleza – Ceará. Janeiro 1986

http://www.embasa.ba.gov.br/institucional/embasa/historia.  Acessado em 15/08/15

http://www.bvsde.paho.org/bvsacg/e/fulltext/planasa/planasa.pdf.  Acessado em 15/08/15

http://radar101.com.br/2014/12/embasa-de-teixeira-de-freitas-e-alvo-de-muitas-reclamacoes-nas-redes-sociais/.  Acessado em 01/08/15




Fonte Oral.

Vitória lemos. 25/07/2014

http://liberdadenews.com.br/index.php/politica/9793-governo-municipal-cobra-da-embasa-melhor-abastecimento-de-agua-na-cidade

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