Por Daniel Rocha
O filme *Batman – O Retorno* (EUA), lançado mundialmente em 1992, conquistou uma legião de fãs com sua exibição e uma intensa ação promocional dos estúdios Warner Bros em parceria com a Pepsi-Cola. A euforia em torno do filme marcou época na cidade de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia.
A possibilidade de ganhar brindes ao reunir tampinhas de refrigerantes estampadas com desenhos dos personagens do longa-metragem motivou crianças de diversas comunidades a procurar as tampinhas nos locais onde o refrigerante era consumido, para trocá-las por copos e pôsteres do personagem.
Sem dinheiro para consumir a quantidade necessária de refrigerantes para a promoção, algumas dessas crianças formaram grupos para buscar tampinhas em bares e trailers que circulavam pela Praça da Prefeitura, com o objetivo de reunir a quantidade necessária para os brindes.
“Assim que juntava uma determinada quantidade, eu e um grupo formado por mais quatro colegas íamos à antiga distribuidora ‘Líder’, mais conhecida como ‘Brahma’, enfrentar uma fila gigantesca para trocar as tampinhas por pôsteres do filme”, revelou José Cláudio, 35 anos, capixaba natural de Linhares, filho de madeireiro que chegou a Teixeira de Freitas na década de 1980 e retornou ao estado natal em 2002.
Ainda de acordo com o antigo morador, assim como outras crianças do bairro onde vivia, meninos entre 10 e 12 anos, ele buscou e reuniu tampinhas para trocar por brindes e também teve a oportunidade de assistir ao filme no cinema, que atraiu uma multidão de fãs ao Cine Brasil na estreia.
“Eu assisti na matinê, a primeira sessão, mas o filme não agradou… Era muito artístico para a época, e logo o movimento foi diminuindo… Apesar da popularidade dos quadrinhos, filmes de heróis eram algo apenas para fãs do gênero ou leitores de revistas em quadrinhos… Eu era fã, então fui ao cinema com meus amigos vizinhos e leitores como eu”, lembrou.
O filme estreou no dia 3 de julho de 1992, com 145 cópias em 50 cidades no Brasil, mas é provável que não tenha estreado exatamente nessa data em Teixeira de Freitas.
“Na região, as fitas chegavam tempos depois do lançamento nas capitais”, informou o gerente do cinema, Jovelino da Costa, conhecido como “Figão”.
Na época, devido, em parte, à crise econômica e à perda gradual de público, o Cine Brasil, que também funcionava como teatro e casa de shows, assim como a maioria das salas de cinema do interior, ameaçava encerrar as atividades a qualquer momento, complicando ainda mais o frágil panorama cultural da cidade.
Apesar da falta de dados e informações sobre o sucesso ou fracasso da exibição do filme em Teixeira de Freitas, é fácil concluir que o longa do "Mascarado" mais conhecido do mundo não foi suficiente para impedir o fechamento do Cine Brasil em 1993.
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