Teixeira de Freitas 2016 - A Tocha Olímpica "Tirou o pessol de casa"





Por Daniel Rocha

Em maio de 2016,  Teixeira de Freitas-BA celebrou de forma única o aniversário de 31 anos de sua emancipação política. O feriado,  que tradicionalmente é comemorado no dia 9 de maio, foi excepcionalmente transferido para o dia 19. O motivo?

A cidade teve a honra de receber a tocha olímpica dos Jogos Rio 2016, um evento internacional que deu início à passagem do fogo olímpico pelo estado da Bahia. Mas o que dise o povo presente? Qual era o clima da festa?

Na manhã da quinta-feira, dia 19 de maio, a Tocha Olímpica dos Jogos Olímpicos Rio 2016 chegou a Teixeira de Freitas. A cidade, etão governada pelo prefeito João Bosco (PT), já estava em clima de festa. 

Jogos estudantis vinham sendo realizados nas escolas municipais da rede pública, a inauguração da nova praça de lazer, Sete de Setembro (hoje conhecida como Praça Padre Apparecido) e com a escolha de diversos moradores ilustres para revezar no revezamento da tocha olímpica.

Apesar do cenário nacional de intensa polarização política e das críticas locais veiculadas por algumas emissoras de rádio opositoras, que tentavam desmotivar a participação pública, o evento teve uma impressionante adesão popular.

Como já dito, Teixeira de Freitas foi a primeira cidade do estado e da região Nordeste a receber a passagem da tocha, que percorreu diversas cidades ao longo daquela semana. O revesamento começou na Avenida Paulo Souto e seguiu rumo à Praça Sete de Setembro, localizada na Avenida Getúlio Vargas.

Durante a festa de forte presença popular, dia em que as câmeras e a atenção da imprensa se voltaram para as autoridades públicas, carros e trios e os condutores da tocha olímpica e os seu condutores.

No movimento, o site Tirabanha decidiu se misturar à multidão para ouvir as opiniões de populares diante da passagem do simbolo da tradição histórica. Dessa forma, registrou uma diversidade de perspectivas que refletiu a complexidade e a riqueza das vozes presentes.

Multidão na praça Sete de Setembro

Entre os entrevistados, destacou-se a voz de Maria Senhora Freitas Rodrigues, de 55 anos, moradora do bairro São Lourenço e que já havia percorrido toda a avenida prestigiando a festa animada por carros equipados com som e animadores.

Como uma trabalhadoras autônoma e mulher, Senhora, que comercializava “brasinhas”, geladinhos, brinquedos e outros produtos em uma bicicleta cargueira estilizada, expressou seu encantamento com a passagem da tocha pela Avenida Presidente Getúlio Vargas, observado o que considerou o maior feito do dia:

“Achei muito bonito e importante para a cidade porque tirou o pessoal de dentro de casa, todo mundo saiu pra rua para prestigiar”, disse ela. 

Além disso, Maria mencionou que o bom movimento lhe permitiu lucrar um pouco mais com a venda de seus produtos, trazendo esperança de dias melhores para ela, sua família e o país, já que sonhava em comprar uma casa nova e rever mãe que estava a morar no estado de São Paulo.

Maria Senhora

Outra voz ouvida na festa foi a de Mirla Kleille, do movimento negro “Crespas e Cacheadas”. Com seus cachos afros, Mirla expressou sua felicidade como mulher e teixeirense ao presenciar esse acontecimento histórico e positivo para a cidade e seus moradores. 

Espero que essa festa e união se repitam em outros momentos porque nossas crianças precisam ver e participar de coisas diferentes, precisam de cultura e não só vislumbrar os eventos pela TV. Que as autoridades melhorem a nossa cultura e nossas vidas, sobretudo das nossas crianças, que é o nosso futuro”, afirmou Mirla.

Já o estudante Joanilton, da Escola Municipal Clélia das Graças Figueiredo Pinto, no centro da cidade, também compartilhou sua perpectiva diante do evento único e inédito no país e na cidade.

Para ele, a passagem da tocha foi tranquila e divertida, ressaltando os valores de união e confraternização dos jogos, que vinham sendo trabalhados em sua escola através de vários torneios esportivos. Joanilton expressou sua esperança de que, no futuro, Teixeira de Freitas  fosse uma cidade mais pacífica e menos violenta.

Crespas e Cacheadas

Segundo informações divulgadas na época pelo site da Câmara Municipal e com base em números fornecidos pela Polícia Militar, aproximadamente 45 mil pessoas compareceram ao longo do circuito, algo que às fotografias e os registros da época revelam com claresa.

Um indicativo que de fato o povo teixeirense abraçou o espírito de união simbolizado pela chama olímpica, comparecendo em massa e contribuindo para a beleza deste dia considerada por muitos como memorável para história da cidade e região.

Por fim, durante os Jogos de Paris 2024 é importante lembrar que a passagem da tocha não só destacou Teixeira de Freitas no cenário nacional, mas também deixou um exemplo positivo da riqueza da diversidade coletiva.

Ressaltando a importância de valorizar e promover a união, a ocupação dos espaços públicos e a socialização através da diversidade e do esporte, como uma ponte saudável que une povos e países de todo o mundo. Um ideal e espírito tão poderoso que consegue tirar até os mais viciados em redes sociais e séries de streaming de casa, fazendo-os redescobrir a alegria de viver fora da tela, assim como a tocha fez em 2016 ao levar as pessoas para as ruas.

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado  e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X.

Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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